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Ministério da Saúde inicia campanha de vacinação contra Hepatite B

A partir desse mês quem tem até 29 anos já pode se vacinar contra a hepatite B. A faixa etária para vacinação, que até o ano passado era de 24 anos, foi ampliada pelo Ministério da Saúde. A hepatite B é uma infecção do fígado que nem sempre apresenta sintomas, mas que pode evoluir e se tornar uma doença crônica. A transmissão pode ocorrer pela relação sexual desprotegida e pelo compartilhamento de objetos contaminados como: lâminas de barbear e de depilar, escovas de dente, alicates de unha, instrumentos para uso de drogas, cirúrgicos e odontológicos. "As hepatites virais, que são chamadas hepatites crônicas de transmissão ou por endovenosa, por secreções, por doenças sexualmente transmissíveis; essas eu diria que são os grandes desafios para nós. Porque tem algumas como hepatite B que já temos vacinas. Então ampliarmos a vacinações têm permitido a redução do número de casos e a proteção. A proteção dos profissionais de saúde, proteção das gestantes, proteção dos jovens. Agora vamos ampliar a vacinação até aos 29 anos", ressalta o ministro Alexandre Padilha. Em 2012 o Ministério da Saúde ampliou em 163 por cento a quantidade de vacinas compradas para a hepatite B. No total, foram investidos mais de 83 milhões de reais. O Sistema Único de Saúde oferece ainda a dose para pessoas de qualquer idade que correm mais risco de contrair a doença como profissionais de saúde, manicures, gestantes, bombeiros e policiais civis.  Fonte: Agência Brasil

PAIR e Alteração Vestibular

São conhecidas diversas conseqüências de exposição crônica a ruídos sobre o organismo humano, entretanto, as alterações vestibulares decorrentes dessa exposição são pouco estudadas. Pacientes com essa alteração podem apresentar tonturas, zumbidos, síndrome vestibular periférica irritativa e síndrome vestibular periférica deficitária, entre outros. Uma maior prevalência de distúrbios vestibulares podem ser encontrados em pacientes com queixas de tontura e zumbidos, em relação aos que não apresentavam essas queixas. Uma prevalência elevada de distúrbios vestibulares pode ser observada nos pacientes com associação das queixas de tontura e zumbidos. Observa-se uma tendência de correlação entre o grau de perda auditiva e a prevalência de distúrbios vestibulares, mas não foi observada uma tendência de correlação entre a prevalência de distúrbios vestibulares e o tempo de exposição a ruídos. Colocadas essas observações pesquisadas em artigos cientificos da LILACS, pode-se concluir que parcela relevante dos pacientes com PAIR apresentam alterações de função vestibular.

Na era dos planos de saude - Juramento de Hipocrates, por Rafael Ximenes

Nenhuma profissão caiu tanto no conceito da opinião pública no Brasil como a medicina nas últimas décadas. A população brasileira hoje diz ser mal atendida. E não o faz sem uma certa razão. Há uma longa espera até se conseguir marcar uma consulta médica ambulatorial. No sistema público, pode-se aguardar meses, às vezes mais de um ano a depender da região e da especialidade médica pretendida. Nos planos de saúde, o tempo é menor, mas pode chegar de semanas a alguns meses. Reclama-se que a os planos de saúde são caros e que os mesmos não cobrem todos os procedimentos que seriam necessários. Critica-se com veemência a falta de estrutura das unidades básicas de saúde, o caos dos pronto-socorros. Ouvimos ainda que o médico não mais examina seu paciente, muito menos escuta suas queixas. E tais reclamações são todas injustas e correspondem a uma tentativa de caluniar a medicina? Certamente que não. Mas cabe aqui uma pergunta fundamental: a culpa desta situação é toda da classe médica? Em primeiro lugar, não acredito ser necessário destacar a carga horária de trabalho da maioria dos médicos. Sessenta, noventa, até cento e dez horas por semana. Portanto, não acho sensato atribuir à falta de disponibilidade do médico a espera a que a população é submetida. Os médicos atendem. E muito. Inclusive mais do que deveriam, chegando à exaustão após horas de plantão. E se atendem rapidamente, são criticados por não dar atenção ao paciente. Se demoram na consulta, os que aguardam reclamam da demora para o atendimento. Também não poderíamos dizer que há um número insuficiente de profissionais. Temos hoje mais médicos do que o necessário segundo a Organização Mundial de Saúde. Então por que a população espera tanto por atendimento? Um dos problemas é a escassez de algumas especialidades em contraste com a abundância de outras. E não é muito difícil entender o motivo. Hoje, o valor pago por uma cirurgia de colocação de prótese mamária é maior do que o de uma cirurgia cardíaca. Reclama-se ao pagar vinte reais por uma consulta, mas paga-se dez mil reais por uma cirurgia plástica. É algum absurdo que os recém-formados busquem especialidades onde serão melhor remunerados? Se a sociedade valoriza mais a estética do que a saúde, a culpa é da classe médica? Outro grande problema é a má distribuição de médicos entre as diversas áreas do Brasil. É exigido do médico que não se submeta a condições de trabalho que julgue inapropriadas, sendo inclusive o mesmo responsável por prejuízos ao paciente em caso de falta de recursos para o atendimento. Se determinado local não tem o número de profissionais de que necessita, deveríamos rever que condições de trabalho estes lugares oferecem. Querer que o médico vá para onde ele é necessário e depois responsabilizá-lo pela falta de estrutura é no mínimo injusto. Portanto, é culpa dos médicos se concentrarem em alguns centros em detrimento de outros? Acredita-se que os médicos sejam bem remunerados e quando os mesmos lutam pelo aumento de seus honorários são vistos como mercenários. Mas trabalhando cento e dez horas por semana, qual profissional com nível superior não ganharia mais? Se um médico decidir trabalhar as mesmas quarenta horas semanais de outras profissões (para não citar as que cumprem metade disto), certamente não ganharia tão bem. Um plano de saúde paga por consulta de vinte a cinqüenta reais. Se considerarmos gastos com aluguel de consultório, equipamentos de trabalho e impostos, talvez seja melhor não calcular a remuneração de um atendimento. Mas dizem que os médicos credenciam-se em planos de saúde porque querem e, portanto, têm que aceitar o valor que recebem. Porém, quando se discute que não mais se atenda por tais planos, somos acusados de não querer atender a população. Quer dizer que somos obrigados a nos sujeitar a empresários com patrimônios bilionários e que nos desrespeitam com remuneração pífia? É por acaso algum crime querer que depois de seis anos de faculdade, três a seis anos de residência, alguns com mestrado e doutorado, queiramos receber mais do que o valor de um corte de cabelo para cuidar e nos responsabilizarmos por vidas? Não posso acreditar que sim. Porque se isto for verdade, se a população não acha que o valor de um médico é superior a vinte reais, então não são os médicos que faltam com respeito à população. É a população que deveria se envergonhar de tal postura. Se o valor pago por um plano de saúde é alto, acredito ser direito dos clientes reclamarem. Para o plano de saúde, não para o médico. E por que os planos são tão caros, se o médico recebe tão pouco? Os motivos são vários, a começar do lucro dos intermediários. Vivemos nas últimas décadas um encarecimento da medicina. Com o surgimento de novas tecnologias, o custo de um atendimento passou a ser bem maior. Certamente, a qualidade também melhorou, pelo menos para quem tem acesso a tais recursos. Ressonância nuclear magnética, testes genéticos, próteses e órteses, stents coronarianos, anticorpos monoclonais, para citar alguns exemplos, passaram a integrar o arsenal da medicina moderna. Tudo isto é muito caro. Os diagnósticos médicos, antes baseados em história clínica e exame físico, hoje podem exigir exames que custam de centenas a milhares de reais. E os pacientes muitas vezes exigem que tais exames sejam feitos, mesmo sem saber se são indicados para aquele caso. É freqüente ouvirmos que "o médico não pediu nenhum exame" como algo negativo, como sinal de incompetência ou negligência. Se o custo de exames sofisticados encarecem a medicina quando bem indicados, imaginem quando usados de forma indiscriminada. Mas solicitando vários exames, todos ganham. Os médicos são bem vistos, os pacientes ficam satisfeitos, os donos das máquinas nem se fala. Só não devemos esquecer de que bolso virá o dinheiro. Por outro lado, há aqueles que necessitariam de procedimentos de alto custo e que não tem acesso aos mesmos. Limitar a medicina moderna àqueles que têm dinheiro, não me parece justo. Da mesma forma que não acho justo que muitos não tenham acesso à alimentação, segurança, educação e moradia. Mas não vejo ninguém dizer que os advogados deveriam defender as pessoas por vinte reais, que os agricultores são mercenários por quererem vender a comida a quem tem fome ou que os engenheiros deveriam construir casas para os desabrigados sem nada cobrar e pagando do seu bolso os materiais de construção. Quer dizer que só os médicos são culpados pelas mazelas da sociedade? E mesmo que o médico abrisse mão de sua remuneração, quem vai pagar os exames, remédios, internações? Nesta conta, o honorário médico é o que menos pesa. Dito tudo isto, acho que a resposta para a minha pergunta é não. Os médicos não são os únicos culpados pelo alto custo da medicina, pela demora ao atendimento aos pacientes, pela exclusão de uma grande parcela da população a um atendimento de ponta. Antes de tudo, assim como a população, somos vítimas. Por fim, muitos podem criticar este texto por ter sido focado em custos, dinheiro, reconhecimento, ao invés de falar de características que a profissão médica deveria ter, como humanismo, dedicação, humildade, caridade. Não posso deixar de reconhecer que, assim como em outras profissões, hoje estas qualidades faltam a grande parte dos médicos. E disto nós temos culpa e, neste ponto, devemos um pedido de desculpas à população. Acho inadmissível o fato de que grande parte dos médicos hoje nem sequer fazem um exame clínico completo e bem feito, de cederem às pressões para um atendimento rápido e em escala, de pedirem exames sem necessidade apenas por não quererem perder tempo explicando para o paciente as indicações e riscos de cada procedimento. Envergonho-me ao ver colegas tratando de forma diferente as pessoas por serem atendidas pelo SUS ou em consultórios particulares, em presenciar a indiferença diante do sofrimento alheio. Certamente acho que a medicina deva ser uma profissão humanitária, que o médico deva se preocupar em atender a população carente, e não apenas os mais abastados. Mas acho que merecemos mais respeito e reconhecimento ao fazê-lo. Talvez isto não passe de nossa obrigação, do juramento que fizemos ao nos formar, como muitos gostam de lembrar nestes momentos. Mas em um país onde a maioria não cumpre os seus deveres, onde promessas feitas hoje são esquecidas amanhã, é um grande mérito ter palavra. E para quem não conhece o juramento de Hipócrates, sugiro que o leiam antes de citá-lo, para que não incorram em erro por ignorância. Como na maioria dos relacionamentos, seja entre irmãos, amigos, pai e filho, homem e mulher, quando as coisas não vão bem, os dois lados tem sua parcela de responsabilidade. Não adianta procurarmos um culpado. E não é diferente na relação médico-paciente. Se chegamos ao desgaste atual, é hora de cada parte rever sua postura. Só assim voltaremos àquilo que é o desejo de todos: uma medicina bela e eficiente, caridosa e reconhecida, trabalhosa e recompensada, difícil, mas, acima de tudo, que leve alívio àqueles que sofrem, vida onde há incerteza e consolo onde este se faz necessário. Que assim seja. (Rafael Oliveira Ximenes)

A História de Rescue Anne

“A mais beijada de todos os tempos” No fim da década de 1880, o corpo de uma garota de 16 anos foi encontrado no Rio Sena, em Paris. Sem sinais de violência, o cadáver seria de uma jovem suicida. Mas ela era tão bela e tinha um sorriso tão enigmático que depois da autópsia, um legista fez uma máscara mortuária do rosto dela. Na romântica atmosfera da Europa da belle époque, a face da anônima moça suicida — que passou a ser chamada de L'Inconnue de la Seine, a Desconhecida do Sena — se tornou um ideal de beleza feminina. Em Die Aufzeichnungen des Malte Laurids Brigge [Os Cadernos de Malte Laurids Brigge], o protagonista do único romance de Rainier Maria Rilke (1875-1926) escreve: “O mouleur [modelador], em cuja loja passo todo dia, tem um busto de gesso em cada lado de sua porta. [Um é] a face da jovem mulher afogada, da qual tiraram um molde no necrotério, pois era bela e sorria, sorria tão misteriosamente...” Ironicamente, as feições da garota desconhecida foram usadas em 1958 para modelar a boneca usada no treinamento de primeiros-socorros, conhecida como Rescue Anne. Embora a identidade da moça e os motivos que a levaram ao suicídio ainda sejam um mistério, diz-se que ela se tornou “a mais beijada de todos os tempos” pois milhares de estudantes já treinaram a respiração boca-a-boca em seus lábios. Texto retirado de Hypercubic. Visitem também o texto original.

O Símbolo da Medicina

Estando na Área da Saúde, nos deparamos diariamente com os seus símbolos. Por este motivo, venho aqui fazer a minha parte, mesmo que ela pareça ínfime, no esclarecimento quando aos usos equivocados que frequentemente acontecem.
O valor de um símbolo não está em seu desenho, mas no que ele representa. Dois símbolos têm sido usados ultimamente em conexão com a medicina: o símbolo de Asclépio, representado por um bastão tosco com uma serpente em volta e o símbolo de Hermes, chamado caduceu, que consiste em um bastão mais bem trabalhado, com duas serpentes dispostas em espirais ascendentes, simétricas e opostas, e com duas asas na sua extremidade superior.
Ambos os símbolos têm sua origem na mitologia grega; o de Asclépio, deus grego da medicina, é o símbolo da tradição médica; o de Hermes, deus grego do comércio, dos viajantes e das estradas, foi introduzido tardiamente na simbologia médica.
Na mitologia grega, Asclépio é filho de Apolo e da ninfa Coronis. Foi criado pelo centauro Quiron, que lhe ensinou o uso de plantas medicinais. Tornou-se um médico famoso e, segundo a lenda, além de curar os doentes que o procuravam, passou a ressuscitar os que ele já encontrava mortos, ultrapassando os limites da medicina. Foi por isso fulminado com um raio por Zeus. Após a sua morte, foi cultuado como deus da medicina, tanto na Grécia, como no Império Romano. Em várias esculturas procedentes de templos de Asclépio greco-romanos, o deus da medicina é sempre representado segurando um bastão com uma serpente em volta, o qual se tornou o símbolo da medicina.
Não há unanimidade de opiniões entre os historiadores da medicina sobre o simbolismo do bastão e da serpente. As seguintes interpretações têm sido admitidas:
Em relação ao bastão:
* Árvore da vida, com o seu ciclo de morte e renascimento.
* Símbolo do poder, como o cetro dos reis
* Símbolo da magia, como a vara de Moisés
* Apoio para as caminhadas, como o cajado dos pastores
Em relação à serpente:
* Símbolo do bem e do mal, portanto, da saúde e da doença.
* Símbolo do poder de rejuvenescimento, pela troca periódica da pele
* Símbolo da sagacidade
* Ser ctônico, que estabelece a comunicação entre o mundo subterrâneo e a superfície da Terra; elo entre o mundo visível e o invisível
Hermes, na mitologia grega, é considerado um deus desonesto e trapaceiro, astuto e mentiroso, deidade do lucro e protetor dos ladrões.
Seu primeiro ato, logo após o seu nascimento, foi roubar parte do gado de seu irmão Apolo, negando a autoria do furto. Foi preciso a intervenção de Zeus, que o obrigou a confessar o roubo. Para se reconciliar com Apolo, Hermes presenteou-o com a lira, que havia inventado, esticando sobre o casco de uma tartaruga, cordas fabricadas com tripas de boi. Inventou a seguir a flauta que também deu de presente a Apolo. Apolo, em retribuição, deu-lhe o caduceu.
Caduceus, em latim, é a tradução do grego kherykeion, bastão dos arautos, que servia de salvo-conduto, conferindo imunidade ao seu portador quando em missão de paz. O primitivo caduceu não tinha asas na extremidade superior, as quais foram acrescentadas posteriormente.
Hermes tinha a capacidade de deslocar-se com a velocidade do pensamento e por isso tornou-se o mensageiro dos deuses do Olimpo e o deus dos viajantes e das estradas. Como o comércio na antigüidade era do tipo ambulante e se fazia especialmente através dos viajantes, Hermes foi consagrado como o deus do comércio. Outra tarefa a ele atribuída foi a de transportar os mortos à sua morada subterrânea (Hades).
Com a conquista da Grécia pelos romanos, estes assimilaram os deuses da mitologia grega, trocando-lhes os nomes: Asclépio passou a chamar-se Esculápio e Hermes, Mercúrio.
Segundo os filólogos, a denominação de Mercúrio dada a Hermes pelos romanos provém de merx, mercadoria, negócio. O metal hydrárgyros dos gregos passou a chamar-se mercúrio por sua mobilidade, que o torna escorregadio e de difícil preensão. O planeta Mercúrio, por sua vez, deve seu nome ao fato de ser o mais veloz do sistema planetário.
O caduceu é, de longa data, o símbolo do comércio e dos viajantes, sendo por isso utilizado em emblemas de associações comerciais, escolas de comércio, escritórios de contabilidade e estações de estradas de ferro.
Surge, então, a questão principal do tema que estamos abordando. Por que o símbolo do deus do comércio passou a ser usado também como símbolo da medicina? Mais de um fato histórico concorreu para que tal ocorresse.
1. No intercâmbio da civilização grega com a egípcia, o deus Thoth da mitologia egípcia foi assimilado a Hermes e, desse sincretismo, resultou a denominação de Hermes egípcio ou Hermes Trismegistos (três vezes grande), dada ao deus Thoth, considerado o deus do conhecimento, da palavra e da magia. No panteão egípcio, o deus da medicina correspondente a Asclépio é Imhotep e não Thot. 2. Entre o século III a.C. e o século III d.C. desenvolveu-se uma literatura esotérica chamada hermética, em alusão a Hermes Trismegistos. Esta literatura versa sobre ciências ocultas, astrologia e alquimia, e não tem qualquer relação com o Hermes tradicional da mitologia grega. O sincretismo entre Hermes da mitologia grega com Hermes Trismegistus resultou no emprego do caduceu como símbolo deste último, tendo sido adotado como símbolo da alquimia. Segundo Schouten, da alquimia o caduceu teria passado para a farmácia e desta para a medicina. 3. Um terceiro fato a que se atribui a confusão entre o bastão de Asclépio e o caduceu de Hermes se deve à iniciativa de um editor suíço de grande prestígio, Johan Froebe, no século XVI, ter adotado para a sua editora um logotipo semelhante ao caduceu de Hermes e o ter utilizado no frontespício de obras clássicas de medicina, como as de Hipócrates e Aetius de Amida. Outros editores na Inglaterra e, posteriormente, nos Estados Unidos, utilizaram emblemas similares, contribuindo para a difusão do caduceu. Admite-se que a intenção dos editores tenha sido a de usar um símbolo identificado com a transmissão de mensagens, já que Hermes era o mensageiro do Olimpo. Com a invenção da imprensa por Gutenberg, a informação passou a ser transmitida por meio da palavra impressa, e eles, os editores, seriam os mensageiros dos autores. Outra hipótese é de que o caduceu tenha sido usado equivocadamente como símbolo de Hermes Trimegistos, o Hermes egípcio ou Thot, deus da palavra e do conhecimento, a quem também se atribuía a invenção da escrita. Em antigas prensas utilizadas para impressão tipográfica encontra-se o caduceu de Hermes como figura decorativa.. 4. Outro fato que certamente colaborou para estabelecer a confusão entre os dois símbolos é o de se conferir o mesmo nome de caduceu ao bastão de Asclépio, criando-se uma nomenclatura binária de caduceu comercial e caduceu médico. Este erro vem desde o século XIX e persiste até os dias de hoje.
Em 1901, o exército francês fundou um jornal de cirurgia e de medicina chamado Le caducée, no qual estão estampadas duas figuras estilizadas do símbolo de Asclépio, com uma única serpente. Desde então, a palavra caduceu tem sido usada para nomear tanto o símbolo de Hermes, como o bastão de Asclépio.
5. O fato que mais contribuiu para a difusão do caduceu de Hermes como símbolo da medicina foi a sua adoção pelo Exército norte-americano como insígnia do seu departamento médico. As justificativas e argumentos para essa adoção são falhas, inconsistentes, e denotam, no mínimo, desconhecimento da iconografia mitológica por parte dos que detinham o poder para promover a mudança. As informações que se seguem sobre este episódio foram colhidas em grande parte no livro de Walter Friedlander, The golden wand of medicine.
O caduceu fora usado, entre 1851 e 1887, como emblema no uniforme de trabalho do pessoal de apoio nos hospitais militares dos Estados Unidos para indicar a condição de não combatente. Em 1887 este emblema foi substituído por uma cruz vermelha idêntica a da Cruz Vermelha Internacional fundada na Suíça em 1864. Os oficiais médicos usavam nas dragonas as letras M.S. (Medical Staff). Em 1872, as letras M.S. foram substituídas por M.D. (Medical Department). O Departamento Médico, contudo, possuía o seu próprio brasão de armas com o bastão de Asclépio, desde 1818.
Em março de 1902, os oficiais médicos passaram a usar um emblema inspirado na cruz dos cavaleiros de São João, ou cruz de Malta, cujo simbolismo em heráldica é o de proteção, altruísmo e honorabilidade.
Em 20 de março de 1902, o capitão Frederick P. Reynolds, Comandante da Companhia de Instrução do Hospital Geral em Washington propôs substituir a cruz de Malta pelo caduceu.
O general G. Sternberg, chefe do Departamento Médico, deu o seguinte despacho: "A atual insígnia foi adotada após cuidadoso estudo e é atualmente reconhecida como própria desta corporação. A alteração proposta, portanto, não é aprovada".
Em 14 de junho do mesmo ano, o capitão Reynolds endereçou nova carta ao Chefe do Departamento, refazendo sua proposta com novos argumentos. Em certo trecho de sua carta diz o seguinte: "Desejo particularmente chamar a atenção para a conveniência de mudar a insígnia da cruz para o caduceu e de adotar o marrom como a cor da corporação, em lugar do verde agora em uso. O caduceu foi durante anos a insígnia de nossa corporação e está inalienavelmente associado às coisas médicas. Está sendo usado por várias potências estrangeiras, especialmente a Inglaterra. Como figura, deve-se reconhecer que o caduceu é muito mais gracioso e significativo do que o atual emblema" (cruz de Malta). "O verde não tem lugar na medicina".
Nesse ínterim, houve mudança na Chefia do Departamento Médico e esta segunda carta foi recebida pelo General William Henry Forwood, quem, não somente aprovou a proposta como providenciou a confecção da nova insígnia. O desenho elaborado tem sete curvaturas das serpentes, o que também revela desconhecimento do caduceu tradicional, que contém, no máximo, cinco espirais.
Os argumentos usados pelo Cap. Reynolds revelam sua confusão entre os dois símbolos. O caduceu jamais fora a insígnia da corporação, mas do pessoal de apoio (steward) dos hospitais. O bastão de Asclépio e não o caduceu é que está historicamente associado à medicina. Tanto na Inglaterra, como na França e na Alemanha, os serviços médicos das forças armadas utilizavam o bastão de Asclépio em seus emblemas e não o caduceu de Hermes.
Finalmente, a cor verde tem sido usada em conexão com a medicina; tanto assim que no Brasil o anel de médico tem, incrustada, uma pedra verde - esmeralda ou imitação.
O argumento de ordem subjetiva de que a figura do caduceu é mais estética do que a cruz de Malta ou o bastão de Asclépio é irrelevante, porquanto não diz respeito ao significado de tais símbolos.
Deste modo, o caduceu foi implantado e se mantém até hoje como insígnia do Corpo Médico do Exército norte-americano, o que muito contribuiu, sobretudo após a Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), para a sua difusão, dentro e fora dos Estados Unidos, como símbolo da medicina.
A Marinha norte-americana adotou igualmente o caduceu como emblema de seu corpo médico, ao contrário da Força Aérea, que mantém em seu emblema o bastão de Asclépio.
Os Serviços de Saúde Pública dos Estados Unidos, por sua vez, adotaram um antigo emblema do Serviço Médico da Marinha, no qual o caduceu se cruza com uma âncora e cujo simbolismo anterior era o do comércio marítimo.
O primeiro comentário desfavorável à decisão do U.S. Medical Department apareceu sob a forma de editorial em final de julho de 1902 na publicação Medical News. Desde então, de tempos em tempos, surgem artigos na imprensa médica, ora justificando, ora condenando o uso do caduceu como símbolo da medicina.
Em 1917, o Tenente-coronel McCulloch, bibliotecário do Departamento Médico, fez o seguinte comentário:" I think that in this country we pay too little attention to the historical and humanistic side of things. The caduceus or wand of Mercury now used on the collar of the uniforme blouse of medical corps has really no medical bearing wathever". (Eu penso que, neste País, nós prestamos muito pouca atenção ao lado histórico e humanístico das coisas. O caduceu de Mercúrio agora em uso na gola da blusa do uniforme do Corpo Médico não tem qualquer significado médico).
Fielding Garrison, notável historiador da medicina nos Estados Unidos e também Tenente-Coronel do Corpo Médico no período de 1917 a 1935, procurou defender a posteriori a adoção do caduceu pelo Departamento Médico a que servia. Inicialmente, alegou que se tratava de um símbolo administrativo para caracterizar os militares não combatentes, reconhecendo que o símbolo autêntico da medicina era o bastão de Asclépio. Posteriormente, procurou justificar o uso do caduceu como símbolo médico com base nos achados arqueológicos da civilização mesopotâmica.
Nas escavações realizadas em Lagash fora encontrado um vaso talhado em pedra sabão, de cor verde, dedicado pelo governador Gudea ao deus Niginshzida, ligado à medicina. Neste vaso há duas serpentes dispostas de maneira semelhante a do caduceu de Hermes. Garrison refere-se à figura como caduceu babilônico, que teria precedido o caduceu da civilização grega.
A verdade é que toda a nossa cultura baseia-se na civilização grega. Todos os aspectos conceituais, técnicos e éticos da profissão médica, tiveram seu berço na Grécia com a escola hipocrática. Foi na Grécia que a medicina deixou de ser mágico-sacerdotal para apoiar-se na observação clínica e no raciocínio lógico. O símbolo mítico de Asclépio, o bastão com uma única serpente, representa a medicina grega em suas origens e nenhum outro símbolo, muito menos o caduceu de Hermes, deverá substituí-lo.
Em 1932, S. L.Tyson escreveu um artigo na revista Scientific Monthly, no qual dizia: "The erroneous symbol of medical profession in reality is the emblem of the god of thieves" (o errôneo símbolo da profissão médica, é, na realidade, o do deus dos ladrões).
Em resposta, Garrison voltou a afirmar que o caduceu fora adotado no Departamento Médico do exército como símbolo dos não combatentes e considerou a questão como "uma fútil controvérsia".
Em material informativo recente de divulgação pela Internet, do Army Medical Department, encontra-se a seguinte explicação para a adoção do caduceu de Hermes como símbolo da medicina: "Rooted in mythology, the caduceus has historically been the emblem of physicians symbolizing knowledge, wisdom, promptness, and skill." (Com suas raízes na mitologia, o caduceu tem sido historicamente o emblema dos médicos, simbolizando conhecimento, sabedoria, presteza e habilidade).
Parece evidente a confusão entre Hermes da mitologia grega tradicional com Hermes Trismegistos, o deus Thot da mitologia egípcia.
A Associação Médica Americana manteve o símbolo de Asclépio em seu emblema, assim como a maioria das sociedades médicas regionais norte-americanas de caráter científico ou profissional. De 25 associações médicas estaduais que utilizam a serpente em seus respectivos emblemas, 23 usam o bastão de Asclépio. São elas as dos Estados de Alabama, Califórnia, Flórida, Geórgia, Idaho, Illinois, Kansas, Kentucky, Massachussets, Michigan, Mississipi, Missouri, Nebraska, New Hampshire, New Mexico, New York, North Dakota, Oklahoma, Oregon, Pennsylvania, Utah, Wisconsin e Wyoming. O caduceu é usado pelas associações dos Estados de Maine e West Virginia.
A Organização Mundial de Saúde, fundada em 1948, como não poderia deixar de ser, adotou o símbolo de Asclépio. A Associação Médica Mundial, reunida em Havana em 1956, adotou um modelo padronizado do símbolo de Asclépio para uso dos médicos civis.
As organizações médicas de caráter profissional e de âmbito nacional de vários países, que possuem emblema com serpente, adotam, em sua grande maioria, o símbolo de Asclépio, a começar pela Associação Médica Americana, já citada. Entre as associações que assim procedem citaremos as do Brasil, Canadá, Costa Rica, Inglaterra, França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Itália, Portugal, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, países do sudeste asiático, China e Taiwan...
Sociedades de história da medicina, sociedades científicas de especialidades médicas, faculdades de medicina, revistas médicas e até empresas de seguro-saúde como a aliança Blue Cross-Blue Shield utilizam o símbolo de Asclépio.
É óbvio que todo símbolo pode ser estilizado, porém não pode ser substituído por outro. Como estilizações originais do símbolo de Asclépio podemos citar os seguintes exemplos: * o da Associação Paulista de Medicina e o da Academia Brasileira de Medicina Militar, em que o bastão toma a configuração de uma espada; * o da Escola Paulista de Medicina, em que o bastão é o próprio tronco de uma árvore; * o da Sociedade Espanhola de Medicina do Trabalho, em que o bastão assume a forma de uma chave inglesa como instrumento de trabalho; * o da Associação Brasileira de Educação Médica, em que o bastão é uma tocha, simbolizando a luz do saber; * o da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em que a serpente assume o formato de um nó cirúrgico.
Algumas poucas organizações médicas de âmbito nacional utilizam o caduceu de Hermes em seus emblemas, ou em sua forma original, ou modificado, tais como as da Korea, Hong Kong e Ilha de Malta.
O caduceu de Hermes, estilizado, foi também adotado pelo Serviço Médico da Royal Air Force, da Inglaterra, divergindo do Serviço Médico do Exército, que mantém seu clássico emblema com o símbolo de Asclépio desde 1898, tendo comemorado o seu centenário em 1998.
Variantes do caduceu têm sido igualmente utilizados, resultantes de duas alterações introduzidas no modelo original: a primeira delas consiste em eliminar uma das serpentes, mantendo as asas, tal como nos emblemas da American Gastroenterological Association e da Facoltà di Medicina e Chirurgia de Florença; a segunda, conservando as duas serpentes e eliminando as asas, como nos emblemas da Società Italiana di Medicina Interna e da empresa de seguro-saúde Golden Cross.
Nos Estados Unidos, onde é mais difundido o caduceu de Hermes como pretenso símbolo da medicina, o mesmo é usado em algumas poucas Universidades e sociedades médicas, sendo mais comum o seu emprego em hospitais e instituições públicas e privadas ligadas à saúde.
Segundo um levantamento realizado até 1980, o caduceu é usado principalmente pelas empresas que gerenciam planos de saúde naquele país, chegando a 76% de quantas utilizam a serpente em seus emblemas.
No dizer de Geelhoed, o caduceu tornou-se um símbolo evocativo da situação atual da medicina, em que os aspectos econômicos e comerciais da saúde se sobrepõem aos aspectos humanos, o que é inaceitável. Para aqueles que desejarem preservar os ideais da tradição médica só há um símbolo verdadeiro, que é o de Asclépio.
Como sugeriu Tyson, o símbolo de Hermes poderia ser usado, no máximo, em carros funerários, já que uma das atribuições de Hermes era a de conduzir os mortos à sua morada subterrânea.
Fora disso, o caduceu de Hermes, como símbolo médico, é uma heresia.
As críticas desfavoráveis ao seu uso como símbolo da medicina persistem até o presente, como demonstram os seguintes comentários que transcrevemos a seguir, veiculados, respectivamente, em 1988, 1996 e 1999. "The caduceus is a usurper - a latecomer to medical symbolism and a pretender of suspect lgitimacy"(o caduceu é um usurpador, um retardatário no simbolismo médico e um pretendente de duvidosa legitimidade). 'The association of physicians with thievery through the adoption of Hermes caduceus as a medical symbol is undoubtedly undesirable and only those cynics who accuse physicians of an excessive interest in making money may find it apropriated" (A associação dos médicos com o furto pela adoção do caduceu de Hermes como símbolo da medicina é, sem dúvida, indesejável e somente os cínicos que acusam os médicos de interesse excessivo em ganhar dinheiro podem achá-lo apropriado). "The caduceus has nothing to do with health, healing or medicl arts". "The United States Army resolute in error as armies tend to be, adopted the Caduceus as the insignia of the medical arm. The power of the military's influence displaced the Aesculapian staff from the mythic place". (O Caduceu nada tem a ver com a saúde, o tratamento das doenças ou as artes médicas. O exército norte-americano, resoluto no erro como todos os exércitos costumam ser, adotaram o caduceu como insígnia do seu Departamento Médico. O poder da influência militar deslocou o bastão de Asclépio de seu lugar mítico). (Collins, S.G., 18/03/1999). No Brasil, prevalece no meio médico o símbolo de Asclépio. A Associação Médica Brasileira, assim como as sociedades estaduais a ela filiadas que possuem emblema com a serpente, utilizam o símbolo correto do deus da medicina.
Assistimos, porém, a disseminação do caduceu de Hermes entre nós, através dos meios de comunicação: televisão, jornais, impressos, anúncios, adesivos, desenhos em objetos e utensílios destinados a médicos e estudantes de medicina. Conforme ressaltou o Prof. Alcino Lázaro da Silva, "a mídia brasileira, por engano, por falácia, por má-interpretação, por má-informação ou por má-fé passou a usar o símbolo do comércio como ilustração quando se refere a notícias médicas". Também os softwares destinados a hospitais e consultórios médicos, importados dos Estados Unidos, ou neles inspirados, muito têm contribuído para a propagação do caduceu, ao utilizá-lo como identificador de sua destinação.
Lamentavelmente, o caduceu como símbolo da medicina já pode ser encontrado em nosso País em revistas e sociedades médicas de fundação mais recente, em sites da Internet dedicados à medicina, e até mesmo em impressos de algumas universidades.
Cremos ser necessária uma campanha de esclarecimento, sobretudo nas Faculdades de Medicina, junto aos estudantes do curso de graduação, no sentido alertá-los sobre o único e verdadeiro símbolo da medicina: o bastão de Asclépio com uma só serpente. O caduceu de Hermes, símbolo do comércio, deve ser visto como um símbolo impróprio aos nobres ideais da medicina.
Referências bibliográficas 1. CASTIGLIONI, A. Histoire de la médecine (trad.) Paris, Payot, 1931. 2. MAJOR RA. A History of medicine. Springfield, Charles C. Thomas, 1954. 3. KERÉNYI C. Asklepios. Archetypal image of the physician’s existence. London, Thames and Hudson, 1960 4. EDELSTEIN EJ, EDELSTEIN L. Asclepius. Collection and interpretation of testimonies. Baltimore, The Johns Hopkins Univ. Press, 1993. 5. FONS JW Jr. The serpent as a medical emblem. Marquette Med. Rev. 26:13-15, 1960. 6. LAWRENCE C. The healing serpent. The snake in medical iconography. Ulster Med. J. 47:134-140, 1978. 7. WILLIAMS NW. Serpents, staffs, and the emblems of medicine. JAMA 281:475-6, 1999. 8. BRANDÃO JS. Mitologia grega, vol. 2, 2.ed. Petrópolis, Ed. Vozes, 1988. 9. CHEVALIER J, GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos, 2.ed. (trad.). Rio de Janeiro, José Olympio Ed., 1989. 10. ENCYCLOPAEDIA BRITTANNICA. Chicago, 1961 11. HAMILTON E. A mitologia, 3.ed. (trad.). Publ. D. Quixote, Lisboa, 1983. 12. HAUBRICH WS. Medical Meanings. A glossary of word origins. Philadelphia, Am. Col. Phys., 1997 13. FRIEDLANDER WJ. The golden wand of medicine. Westport, Greenwood Press, 1992 14 METZER WS. The caduceus and the Aesculapian staff: ancient eastern origins, evolution and western parallels. Southern Med. J. 82:743-748, 1989. 15. MUñOZ P. Origins of caduceus. Maryland State Med. J. Oct. 1981, p.35-40. 16. ERNOUT, A. & MEILLET, A.: Dictionnaire étymologique de la langue latine. Histoire des mots, 4.ed. Paris, Ed. Klincksieck, 1979. 17. FOWDEN, G. The Egyptian Hermes. New Jersey, Princeton University Press, 1993. 18. SCHOUTEN J. The rod and serpent of Asklepios. Symbol of medicine. Amsterdam, Elsevier Publ. Co., 1967. 19. McCULLOCH, CC. Jr. – The coat of arms of the medical corps. Military Surg. 41:137-148, 1917. 20. GARRISON FH. The babylonian caduceus. Mil. Surg. 44:633-636, 1919. 21. TYSON, SL. The caduceus. Sc. Monthly 34:492-498, 1932. 22. INTERNET. Diversos sites de busca em Asclepius, caduceus, symbol, medical associations e outros. 23. GEELHOED GW. The caduceus as a medical emblem. Heritage or heresy? Southern Med. J. 81:1155-1161, 1988. 24. NICHOLS, D. – Iatros, vol. 10, n. 10, 1996 25. COLLINS, SG.- Comments on the book The golden wand of medicine, march 18, 1999 (22) 26. LÁZARO DA SILVA, A. – Símbolo da medicina. Bol. Inf. C..C.. 43-45, abril/junho 1999. Nota: De todas as fontes bibliográficas citadas, merece destaque especial o livro de Walter J. Friedlander – The golden wand of medicine – cuja leitura recomendamos a todos os interessados no assunto.
Grande parte deste artigo foi inserido, em 2004, em um texto mais amplo sobre o mesmo tema, que se encontra no site
Este texto foi retirado integralmente do link

III Interligas de Psiquiatria - 16/outubro/2010

Amigos!

Gostaria de convidá-los para o III Interligas de Psiquiatria, que ocorrerá no dia 16 de outubro, na Santa Casa de São Paulo, Rua Dr. Cesário Motta Jr. n º 61 (próximo ao metrô Santa Cecília).

É um evento organizado por 11 ligas de 7 faculdades de medicina do estado de São Paulo:

- Liga de Saúde Mental - Unifesp

- Liga de Farmacodependências - Unifesp

- Liga de Psiquiatria Clínica - Unifesp

- Liga de Psicanálise - Usp

- Liga de Dependência Química - Usp

- Liga de Ansiedade, Fobias e Pânico - Usp

- Liga de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Santos

- Liga de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa

- Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da Unicamp

- Liga de Saúde Mental de Faculdade de Medicina Santo Amaro

- Liga de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Mogi

O tema central do evento será "A Subjetividade na Psiquiatria Atual", e contará com professores renomados das diferentes faculdades.

As inscrições serão realizadas no local, com os seguintes preços:

- R$ 20,00 para graduandos

- R$ 25.00 para profissionais

A programação está no cartaz em anexo.

Conto com a presença de todos!

Renato Rossi Presidente do Interligas de Psiquiatria 2010 renatorossi75@gmail.com

Residencia em Psiquiatria

Fonte: http://www.psiquiatriageral.com.br/residencia/residencia_psiquiatria_brasil.htm
RESIDÊNCIA EM PSIQUIATRIA NO BRASIL: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O DEBATE
Revista Brasileira de Psiquiatria Volume 27 - Nº 1 - Março 2005 P. 1-87 Órgão Oficial da ABP ( Associação Brasileira de Psiquiatria) Marcus Vinicius Zanetti e Bruno Mendonça Coelho Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Francisco Lotufo Neto Programa de Residência Médica do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
A Psiquiatria é uma das especialidades que mais cresce na medicina, não só pelo aumento da demanda populacional como pelo surgimento constante de novos conhecimentos. O incremento de informações na área é tão grande que os periódicos especializados no mundo são, hoje, mais de 1.800 cadastrados apenas no PsycINFO da ISP. Isto, aliado ao incessante debate sobre a nosologia dos transtornos mentais, torna o estudo teórico da psiquiatria uma árdua tarefa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu Relatório Sobre a Saúde no Mundo, 2001, os transtornos mentais acometem mais de 450 milhões de pessoas e respondem por 12,3% das causas de enfermidades e invalidez. Este número deve chegar a 562 milhões em 2020. Isso ocasionará uma enorme demanda aos serviços de psiquiatria, situação esta já acontecendo no Brasil. Em 2002, a Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) publicou o World Psychiatric Association Institutional Program on the Core Training Curricutum for Psychiatry, fruto de intenso debate entre especialistas e em grande parte baseado no resultado de um levantamento conduzido pela própria WPA sobre programas de residência em psiquiatria de todo o mundo - Statistical Report of the International Survey on Graduate Training in General Psychiatry. Nele, pela primeira vez, a WPA define recomendações mínimas para um currículo de especialização em psiquiatria, incluindo partes teórica e prática. Dentre estas, destacam-se uma duração mínima de três anos para residência em psiquiatria geral, em período integral e incluindo um mínimo de seis meses em neurologia e medicina interna, um mínimo de seis meses de estágios opcionais, ensino englobando todas as idades do ciclo de vida do ser humano, e obrigatoriedade de estágios especiais em emergências psiquiátricas, álcool e drogas, reabilitação, psiquiatria forense e distúrbios do aprendizado.2 Curiosamente, nenhuma instituição psiquiátrica do Brasil, o maior país da América Latina, respondeu ao questionário do levantamento feito pela WPA, no qual constam informações de centros de formação da Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, México e países de outros continentes. Dos programas avaliados por este relatório estatístico, 88,4% possuem três ou mais anos de duração, chegando-se a até seis anos, e 92,3% têm pelo menos um mês de treinamento em neurologia.2 Os endereços eletrônicos de universidades brasileiras são, em grande parte, precários. Dificilmente um departamento de psiquiatria brasileiro tem uma página na internei, ainda mais dedicada à residência médica. A duração de dois anos exigida para a formação do psiquiatra no Brasil não cumpre a recomendação mínima de três anos proposta pela WPA, praticada na maioria dos países latino-americanos; nenhuma instituição brasileira oferece o mínimo de seis meses de treinamento em neurologia e medicina interna recomendado pela WPA. Assim, verifica-se que os modelos de residência médica em psiquiatria no Brasil encontram-se defasados em relação à formação preconizada pela WPA e observada em diversos países, mesmo na América Latina. Esta insuficiente formação obriga os profissionais a buscarem cursos extracurriculares, cuja qualidade algumas vezes não pode ser garantida. Impõe-se uma reestruturação dos programas de residência médica em psiquiatria no Brasil, a começar pelo tempo de formação mínima exigido, com critérios a serem estabelecidos pela Associação Brasileira de Psiquiatria e regulamentados pela Comissão Nacional de Residência Médica e pelo Ministério da Educação e Cultura. O ensino da psicoterapia é assunto também controverso. Ao analisarmos os currículos de diversos países, podemos observar tendência em valorizar este conhecimento, preconizando-se o contato do residente com suas diversas modalidades, inclusive na forma de subespecialização nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.2-3 No Brasil, o ensino da psicoterapia encontra-se longe do ambiente universitário, concentrado em cursos livres ou ligados às sociedades específicas. O ensino de novas formas de terapia, validadas pela literatura, restringe-se a pouquíssimas escolas do sul e sudeste.4 A falta de regulamentação deste importante instrumento terapêutico tem levado à sua banalização, evidente com o surgimento quase diário de "psicoterapias" ligadas a sociedades religiosas, esotéricas e filosóficas, ou de "cursos técnicos". Dessa forma, considerando o panorama acima exposto, tópicos apresentam-se como fundamentais para continuar o debate acerca da reestruturação da especialização em psiquiatria no Brasil: 1) Recomendações da WPA; 2) Duração mínima de três anos, considerando-se, porém, a possibilidade de maior duração em instituições com estrutura capacitada para tal; 3) Currículo flexível para adaptar-se às novas circunstâncias que surgem diariamente, considerando também as diferenças regionais de cada escola médica ou serviço; 4) Estágio em neurologia e sua duração; 5) Conteúdo programático diversificado, incluindo neurociências, psicopatologia, filosofia, teorias psicodinâmicas, psicofarmacologia, discussões de artigos científicos e bases teóricas da psiquiatria clínica; 6) Estágio psiquiátrico em todos os níveis de atendimento - ambulatorial, enfermaria, reabilitação, hospital-dia e comunitário; 7) Obrigatoriedade do ensino de psiquiatria infantil, geriátrica e forense, de interconsultas e álcool e drogas; 8) Ensino teórico e prático de psicoterapia, possibilitando o contato do residente com linhas terapêuticas diversificadas, incluindo abordagens individual, conjugal, familiar e em grupo; 9) Carga horária reservada para áreas optativas, permitindo ao residente realizar intercâmbios, aprofundar-se em alguma área de interesse ou iniciar atividade de pesquisa; 10) Subespecialização através da regulamentação de programas de residência médica em psiquiatria infantil, psiquiatria geriátrica, psiquiatria forense, psicoterapia e outras.
Referências World Health Organization. The World Health Report 2001. Health: new understanding, new hope. Geneva: World Health Organization; 2001.

World Psychiatric Association. Institutional Program on the Core Training Curricuium for Psychiatry. virginia: Worid Psychiatry Association; 2002. Basic Specialist Training Handbook. Royal College of Psychiatrists; 2003. Avaliablein URL: http://www.rcpsych.ac.uk/traindev/postgrad/ index.htm

Mello MF de. Terapia Interpessoal: um modelo breve e focal. Rev Brás Psiquiatr 2004;26(2):124-30.

Malformação x Má formação

LINGUAGEM MÉDICA - MALFORMAÇÃO, MÁ FORMAÇÃO Fonte: http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/malforma%E7%E3o.htm A palavra malformação, de largo uso em biologia e medicina, tem sido apontada como mal formada pelos guardiães da língua portuguesa. O argumento utilizado é sempre o mesmo: mal é advérbio e antes de um substantivo deve vir um adjetivo e não um advérbio; portanto, em lugar de mal deve usar-se o adjetivo feminino má - má formação, palavra que também aparece escrita de duas outras maneiras: má-formação e maformação.
É óbvio que a norma gramatical alegada é correta e deve ser observada. Contudo, a questão não é tão simples como parece à primeira vista e merece uma análise mais detida. Em primeiro lugar, apesar de suas raízes latinas, o termo não teve o seu berço na língua portuguesa. Fosse este o caso e certamente a citada regra teria sido obedecida. A introdução da palavra no vocabulário médico se deu na língua inglesa em 1800, segundo o Oxford English Dictionary,[1] e na língua francesa em 1867, segundo Robert. [2]. Em ambas estas línguas a palavra tem a mesma representação gráfica - malformation. Nenhum dicionário da língua portuguesa do século XIX registra malformação ou má formação e os lexicógrafos do século XX dão o termo como uma adaptação do francês [3][4] ou do inglês. [5] No dicionário de Aulete-Garcia, 3.ed., lê-se o que segue: "Malformação - (med.). O termo vem do inglês malformation e este do latim mal(a) + formatio, donde ser artificial a variante má-formação, pretendida por alguns".[5] Malformação não é a única palavra da língua portuguesa em que aparece mal em lugar de má. Temos, consagradas, malcriação, malfeitoria, malsonância, malquerença, malversão ou malversação e malandança. Em nenhum dos casos pode-se afirmar que mal entrou na composição da palavra como advérbio. Malcriação, segundo Pedro Pinto, é resultante de uma forma arcaica malaformação.[6] Embora a maioria dos nossos lexicógrafos ainda não tenha tomado conhecimento do fato, malcriação já não é o mesmo que má criação na linguagem popular e tornou-se sinônimo de malcriadez, que é pouco usado, ou seja, expressa resposta desaforada a um superior, ação ou dito descortês, indelicado, grosseiro.[7] No caso de malfeitoria admite-se que a palavra seja derivada de malfeitor, que a precedeu.[8] Do mesmo modo se explica malsonância, derivada do adjetivo malsonante.[8] Malversão e malversação são deverbais de malversar, do latim male versari (comportar-se mal).[5] Malquerença é igualmente um derivado pós-verbal de malquerer.[9] No caso de malandança, não poderia tratar-se de um l eufônico para evitar o encontro vocálico a-a? Assim, cada exceção à regra tem sua razão de ser e não surgiu por acaso ou por ignorância. No Brasil, o termo malformação aparentemente era pouco empregado até o início do século XX. Basta dizer que o mesmo não figura na obra especializada Noções de teratologia, publicado na Bahia em 1914, pelo Prof. Guilherme Rebello, quem utilizou anomalia e aberração em lugar de malformação.[10] Aos poucos o termo malformação foi sendo incorporado à linguagem médica e já em 1938, Pedro Pinto comentava que o mesmo estava sendo utilizado "pelos melhores escritores médicos de nosso tempo".[11] Os léxicos da língua portuguesa, editados a partir de 1950, têm assumido posições divergentes entre si no tocante ao termo malformação. Poderíamos catalogá-los, conforme o critério adotado, nos seguintes grupos: 1. Os que averbam as duas formas, malformação e má formação, não fazendo distinção entre elas.[12[13][14] 2. Os que registram as duas formas, com preferência para malformação.[5][15][16] 3. Os que registram as duas formas, com preferência para má formação. [4[8][17] 4. Os que averbam as duas formas, com maior abrangência semântica para malformação. [9][18][19] 5. Os que consignam apenas malformação.[3][20] 6. Os que ignoram ambas as formas. [21][22] Observe-se a mudança de posição do Aurélio, que estava no grupo 2 na segunda edição e passou para o grupo 3 na terceira edição. Aqui, como em tantas outras questões linguísticas, deve prevalecer, acima das regras gramaticais, o bom-senso e o respeito ao uso e à tradição, sobretudo quando não há unanimidade de pontos de vista entre os doutos e letrados. Convém lembrar que esta discussão se refere unicamente à linguagem médica e não à linguagem em geral. É bem de ver que na linguagem literária, a expressão má formação emerge naturalmente na exposição de uma idéia, fato ou evento, sempre que se procura caracterizar a gênese imperfeita, a variante anômala ou incompleta do ser ou do objeto em referência. Como termo técnico, no entanto, malformação tem significado preciso e acha-se definitivamente integrado no vocabulário biomédico. De acordo com o banco de dados da BIREME, disponíveis através do programa LILACS, foram publicados nos últimos 20 anos (1981 a 2000) 141 artigos científicos em revistas médicas brasileiras, utilizando no título do trabalho, ou malformação no singular, ou malformações no plural, e nenhum com a palavra má formação em qualquer de suas variantes,o que demonstra que malformação tem a preferência absoluta dos profissionais da área da saúde e deve prevalecer.[23] O único reparo que se poderia fazer diz respeito à expressão malformação congênita ou, o que é mais comum, malformações congênitas,no plural. Dos 141 trabalhos indexados pela BIREME, acima referidos, 12 utilizaram a expressão malformação congênita no singular, e 42, malformações congênitas no plural. Já em 1898, Littré definia claramentre o caráter congênito das malformações, reservando a denominação de deformações para os defeitos adquiridos.[24] Subentende-se, portanto, que toda malformação é congênita.
Referências bibliográficas 1. OXFORD ENGLISH DICTIONARY (Shorter), 3.ed. - Oxford, Claredon Press, 1978. 2. ROBERT, P.: Dictionnaire alphabétique et analogique de la langue française. Paris, Dictionnaires Le Robert, 1987. 3. NASCENTES, A. - Dicionário da língua portuguesa (4 vol.) Academia Brasileira de Letras, 1961-1967. 4. CUNHA, A.G. - Dicionário etimológico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1982. 5. AULETE, F.J.C., GARCIA, H. - Dicionário contemporâneo da língua portuguesa, 3.ed. (5 vol.) Rio de Janeiro, Ed. Delta, 1980. 6. PINTO, P.A. - Dicionário de termos médicos, 2.ed. Rio de Janeiro, 1938. 7. CABRAL, T. - Novo dicionário de termos e expressões populares. Fortaleza (CE), Ed. UFC. 1982. 8. FERREIRA, A.B.H. - Novo dicionário da língua portuguesa, 3.ed. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1999. 9. MICHAELIS - Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo, Cia. Melhoramentos, 1998. 10. REBELLO, Guilherme Pereira. Noções de teratologia. Bahia, Liv. Catilina, 1914. 11. PINTO, P.A. - Dicionário de termos médicos, 2.ed. Rio de Janeiro, 1938 12. MORAIS SILVA, A. - Grande dicionário da língua portuguesa, 10.ed. (12 vol.), Lisboa, Confluência, 1949-1959. 13. BUENO, F.S. - Grande dicionário etimológico-prosódico da língua portuguesa (8 vol.) São Paulo, Ed. Saraiva, 1963. 14. ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - Vocabulário ortográfico da língua portuguesa, 3. ed. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1999. 15. PACIORNIK, R. - Dicionário médico, 2.ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1975. 16. FERREIRA, A.B.H. - Novo dicionário da língua portuguesa, 2.ed. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1986. 17. CEGALLA, D.P. - Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1996 18. FREIRE, L. - Grande e novíssimo dicionário da língua portuguesa, 3.ed. (5 vol.) Rio de Janeiro, José Olympio Ed., 1957. 19. GRANDE DICIONÁRIO BRASILEIRO MELHORAMENTOS, 8.ed. (5 vol.) São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1975. 20. REY, L. - Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan S.A., 1999. 21. MACHADO, J.P. - Dicionário etimológico da língua portuguesa, 3.ed. (5 vol.) Lisboa, Livros Horizonte, 1977. 22. SÉGUIER, J. - Dicionário prático ilustrado. Porto, Lello & Irmão Ed., 1981. 23. BIREME - http://www.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/ 24. LITTRÉ, E. - Dictionnaire de médecine, de chirurgie, de pharmacie et l'art vétérinaire et des sciences qui s'y rapportent, 18. ed. Paris, Librarie J.-B. Baillière et Fils, 1898. Publicado no livro Linguagem Médica, 3a. ed., Goiânia, AB Editora e Distribuidora de Livros Ltda, 2004.. Joffre M de Rezende Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina e-mail: jmrezende@cultura.com.br http:www.jmrezende.com.br

Tratado de Medicina Cardiovascular

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  • Tratado de Medicina Cardiovascular; Braunwald, Zipes, Libby
  • Editora Roca
  • ISBN 8572411372, 9788572411370
  • Cursinhos se especializam em candidatos à residência médica

    Foram três anos de cursinho pré-vestibular. Seis anos de graduação na Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, e, desde o começo de 2006, mais dez meses de cursinho preparatório para a prova de residência em Oftalmologia. O médico recém-formado Alan Barreira, de 25 anos, seguiu uma tendência cada vez mais comum entre os estudantes de Medicina: dividir o tempo de estudo entre os plantões, nos dois últimos anos de faculdade, e um curso especializado em aprovar alunos nos exames das principais faculdades e hospitais do País. A residência é um dos caminhos da especialização para o médico. O outro é fazer a prova das sociedades e associações de especialidades médicas. As residências mais concorridas costumam ser as de dermatologia (130 candidatos a 6 vagas na Unifesp, por exemplo), ortopedia (80 disputando 5 vagas também na Unifesp), oftalmologia e clínica médica. "Valeu a pena fazer o cursinho, mas não é isso que vai decidir o sucesso", diz Barreira. "O importante é ter feito um bom internato (os últimos anos da faculdade)." Pelo menos três grandes cursos - MedCel, SJT e MedCurso - já têm suas filiais espalhadas por todo o País. O primeiro tem ainda unidades em Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba, na Bolívia, destino de muitos alunos brasileiros que fazem graduação no exterior. As aulas acontecem normalmente durante os finais de semana e contam com atividades online, além de serem transmitidas via satélite para as unidades mais distantes. O curso dura um ano e custa entre R$ 350 e R$ 500. "Temos 52 unidades em todo o País, e outras 20 aptas a receber as aulas. Basta haver a demanda e estaremos lá", diz Atílio Gustavo Blanco Barbosa, diretor do MedCel. O SJT também tem planos de expandir suas 22 filiais no País. O curso, aberto há oito anos em São Paulo, tem cerca de 2.800 alunos e deve englobar mais dez unidades em 2007. "O curso é uma revisão da faculdade", diz o coordenador pedagógico do SJT, Raimundo Araújo Gama. "O aluno entra na faculdade com 17 anos e aqui tem o resgate de uma série de perdas que teve durante o curso." A direção da MedCurso foi procurada pela reportagem, mas não retornou as ligações. Dicas para passar na prova Apesar do sucesso dessas empresas, a opinião da maioria das faculdades sobre elas é desfavorável. "Não é uma atividade ilegal, mas é moralmente questionável", diz Maria do Patrocínio Tenório Nunes, coordenadora de Residência Médica da Faculdade de Medicina da USP. Ela questiona a presença de professores das universidades públicas nesses cursinhos. "Se eu aprendo todas as técnicas e metodologia de ensino em uma instituição pública, é ético cobrar por isso?", pergunta. A opinião do coordenador do exame de residência da Universidade Federal Paulista, Flávio Faloppa, não é diferente. Preocupados em passar na prova, os alunos deixam as atividades da faculdade de lado. "A formação humanística vem através do dia-a-dia, da relação médico-paciente", diz. "Isso não se aprende nos cursinhos." Um absurdo. Essa é a definição do secretário executivo da Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação, Antônio Carlos Lopes, para o crescimento dos cursinhos preparatórios para provas das especialidades médicas. A expansão, segundo ele, é reflexo da fragilidade de alguns cursos de Medicina. O aluno deixa de aprender onde deveria e tem de recorrer aos cursinhos. "Eles são uma ferramenta de exclusão social", diz. "Quem tem dinheiro pode pagar e receber uma série de dicas para passar nas provas que não têm o exame prático." O exame a que Lopes se refere vem sendo adotado pelas universidades como forma de selecionar melhor os alunos e como desestímulo aos cursinhos. A primeira prova a adotar o exame prático foi a da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo. Há quatro anos, o exame era só com questões de múltipla escolha. Um ano depois incluiu as questões dissertativas. Hoje, essas questões têm peso 5. A parte prática, 4, e a entrevista, 1. "Concluímos que as provas de múltipla escolha são inadequadas para avaliar o conhecimento médico", diz Maria do Patrocínio Tenório Nunes. "São questões sem margem para interpretação." Mal necessário Para os alunos, no entanto, os cursinhos parecem continuar sendo um mal necessário. "É lamentável a proliferação dos cursinhos", conta a médica Andréia de Almeida Tamega, formada há três anos pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Mas as provas não condizem com nosso internato." A própria Andréia não escapou. Após se formar, ingressou na residência em Saúde Pública. No último dos três anos da especialização começou a fazer o cursinho para prestar a prova para dermatologia. Agora está no primeiro ano de sua segunda residência. "Hoje, as pessoas não estudam mais pelos livros acadêmicos e sim pelas apostilas desses cursos", revela. Números 9.113 formandos em Medicina chegaram ao mercado em 2005. Depois de seis anos de faculdade, tornam-se clínicos gerais e a maior parte irá tentar se tornar especialista em alguma área. A prova de residência médica é a forma mais indicada para isso. 17.861 vagas de residência médica são oferecidas todos os anos, em média. Os números são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação (MEC). Apesar de ser superior ao número de formandos por ano, especialistas apontam insuficiências como a alta concentração regional. 149 cursos de Medicina estão espalhados pelo Brasil. Destes, 39 são federais, 24 estaduais, 6 municipais, 34 particulares e 46 filantrópicos. 29 cursos de Medicina são oferecidos no Estado de São Paulo. Isso corresponde a quase 20% do total. Fonte: jornal O Estado de S.Paulo

    Gripe Suína - Forma "Rapidamente Fatal"

    Cientistas brasileiros apontam forma "rapidamente fatal" da gripe suína
    Pessoas que morreram contaminadas com o vírus da gripe suína (H1N1) contraíram uma forma "rapidamente fatal" da doença, e em consequência disso faleceram com danos graves nos pulmões --apesar de a doença se manifestar de diferentes maneiras em cada pessoa--, indicou um estudo divulgado na quinta-feira (24). No primeiro estudo deste tipo, pesquisadores do Brasil examinaram 21 pacientes com idades entre 1 e 68 anos que morreram em São Paulo com o vírus H1N1 entre julho e agosto deste ano. Todos os pacientes "apresentaram uma forma progressiva e rapidamente fatal da doença", apontou o estudo, que será publicado na edição de 1º de janeiro do "American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, da American Thoracic Society". Pulmão danificado Os cientistas descobriram que todos os pacientes estudados morreram com uma condição severa e aguda nos pulmões, e identificaram entre eles três padrões de danos ao pulmão, concluindo que a gripe suína "mata de diferentes maneiras". "Todos os pacientes têm um quadro de ferimento pulmonar agudo", afirmou Thais Mauad, professora associada do departamento de Patologia da Universidade de São Paulo (USP), que coordenou o estudo. No entanto, enquanto alguns dos pacientes apresentavam apenas danos agudos nos pulmões, outros tinham também uma bronquiolite necrosante --uma inflamação severa dos bronquíolos--, e em outros havia um "padrão hemorrágico", explicou Mauad. Pacientes com bronquiolite necrosante têm mais tendência a desenvolver uma coinfecção bacteriana; por outro lado, pacientes com doenças cardíacas ou câncer têm mais tendência a apresentar um quadro de hemorragia nos pulmões. "É importante ter em mente que pacientes com condições médicas preexistentes devem ser monitorados adequadamente, já que correm risco maior de desenvolver uma infecção severa com H1N1", destacou Mauad. Dos 21 pacientes incluídos na pesquisa, 16 apresentavam condições médicas preexistentes, como doenças cardíacas ou câncer. Os cientistas também encontraram evidências de "uma resposta imunológica aberrante" nos pulmões de alguns dos pacientes, o que "sugere que uma resposta inflamatória extremamente vigorosa foi estimulada pela infecção viral e pode se espalhar para o tecido pulmonar, danificando-o e causando um dano agudo ao pulmão e falência respiratória fatal", indicou John Heffner, ex-presidente da American Thoracic Society.
    Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u671460.shtml

    Miomas

    Laparoscopia mostrando mioma subseroso anterior (pediculado) e outro mioma intramural posterior. Abaixo, esquema de Netter para miomas uterinos.
     
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